Primeiro post da "Sessão Ceneménha", resolvi escrever sobre os filmes que assisto e que vale a pena escrever alguma coisa. Vou começar pelo filme "Amor sem escalas", com título porcamente traduzido, com George Clooney.
1 - SITUATION
Assisti numa sexta-feira na sessão das 23:00 no Market Place, cinema vazio, ótimos lugares onde dava para esticar as pernas. Foram 15 minutos de trailler, para minha sorte que sempre chego atrasada.
2 - RESUMÉNHO
O cara é um "funcionário-viajante", que tem a função de demitir pessoas para empresas onde o líder não tem esta capacidade, ou tem preguiça pois são muitos ou não quer mesmo. Em uma das viagens conhece uma mulher que trabalha viajando, assim como ele, a quem ela mesmo se refere como "uma versão dele com vagina" e rola um affair (com final bem bolado). A empresa onde ele trabalha contrata uma nova funcionária, recém formada com idéias tecnológicas de demitir por fone-conferência, reduzindo os custos da empresa. Daí em diante, a história gira em torno do problema em demitir pessoas e demitir pessoas pela internet, ao mesmo tempo que o herói reencontra as irmãs que não via há muito tempo para o casamento de uma delas e se relaciona com a mulher viajante. Ele também ministra palestras "motivacionais" com um tema sugestivo. Pano de fundo do filme: relacionamento / vínculo.
3 - FILOSOFANDO
Um filme sobre vínculos. Emocionais e práticos. Um cara que trabalha demitindo pessoas, desvinculado-as do seu trabalho, do seu "ganha-pão", pessoas com muitos anos de empresa na maioria das vezes, com um vínculo prático e emocional muito grande. Para desfazer este vínculo, ele precisa criar um breve vínculo de compaixão e vender uma idéia de novo começo. Quando esta situação é ameaçada pela tecnologia, ou seja, demitir via fone-conferência, existe um abalo no único vínculo que herói construiu - com a fuga, com os aeroportos e hotéis e causa indignação como o novo projeto mostra seu trabalho como desnecessário, desconsiderando todo uma situação que é instaurada no momento de demitir uma pessoa. Ele não possui vínculos com a família, uma das irmãs chega a dizer que ele "praticamente não existe". Se delicia com a aventura amorosa com a mulher-viajante pois pode encontrá-la por ai e ficar com ela casualmente, novamente, sem carregá-la consigo, assim como faz com a família, com seu apartamento e assim como prega em suas palestras da "mochila-vazia". Pretende convencer as pessoas que devemos carregar o mínimo de bagagem nas mochilas e então seremos felizes. Trazer o mínimo em sua bagagem diz respeito à relações. Relacionar-se é assumir uma responsabilidade para com o outro. Esvaziar a mochila é não carregar esta responsabilidade e viver leve. A mala dele tem as coisas mais práticas e úteis, nada de mais, nada de menos, suas técnicas em aeroportos para ganhar tempo nas filas já diz da praticidade. Só se relaciona com a companhia aérea, onde é fiel e deseja acumular 10 milhões de milhas para ter seu nome em uma avião. A companhia aérea é quase sua cúmplice de fuga, por isso uma lealdade; é ela quem proporciona a "saída estratégica a direita" de uma cidade para outra. É seu único vínculo. Quando precisa aconselhar o noivo de sua irmã, ele é um desastre, mas faz uma pergunta essencial: "nos melhores momentos da sua vida... você estava sozinho?" e isto o convence a seguir adiante com o casamento. Não vou contar o final mas o filme não defende o que é certo ou errado, apenas causa uma reflexão sobre escolhas, mas toda escolha tem um preço.
Demitir pessoas ou não SE vincular é uma opção que não causa grandes danos para o herói, mas e se ele fosse desvinculado? Demitido? Esvaziado da mochila de alguém? Privar alguém da sua companhia pode ser até um favor as vezes, mas pode ser doloroso e este "pode ser" é a responsabilidade que assumimos nas relações (conjugais, maternais, empresariais, com cliente, etc.)
Esvaziar a mochila não é difícil. Mas o que a gente tira da mochila em algum lugar, fica.
Detalhe para o chiste no slogan: "The history of a man ready to make a connection".
BADAENEK
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