terça-feira, 4 de maio de 2010

Quase onírico


Andando a noite pela rua percebo que as árvores estão maiores, maiores do que eu, maiores do que antes. Mas eu não diminuí de tamanho, também pareço mais alta, mas como não consigo me ver igual vejo a árvore, não sei quanto mais alta. 

Ouço o silêncio, não tem gente passando, nem carro. As árvores que moram na minha casa estão mais sombrias mas me metem menos medo. É como se por um instante eu soubesse que existe a possiblidade de acontecer coisas ruins comigo na rua assim como há chances iguais de não acontecer nada. E isto por este instante não me apavora. A angústia que dá quando se pensa na possibilidade ruim é infrutífera pois a chance do oposto a neutraliza.

O andar despreocupado porém vigilante é um andar novo, um passear desconhecido para mim. Um temer menos preventivo, mas apenas constitutivo de ser e de chegar a noite em casa, sozinha.
Um brilho meio mórbido passa pela minha vida como um retoque final que não finaliza, mas inicia uma nova etapa. Esta não será confortável (desta fantasia já me livrei) mas nem nascer, nem viver e nem morrer é confortável, então não será esta a novidade.

Todo desconhecido assusta, mas como tudo que passa pelo fogo, não tem mais volta, nem abdicando da mudança voltarei a um estádio anterior, serei apenas aquela uma que mudou e depois desistiu da mudança.

Mas não se vai para o céu sem morrer, não se frita ovos sem quebrá-los e não se vira borboleta sem rastejar um pouco como lagarta.

BADAENEK

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