sábado, 2 de maio de 2009

Associando livremente...

Freud baseou seu método de cura no "falar livremente" e Shakespeare certa vez escreveu que "você aprende que falar pode aliviar dores emocionais".

Não sei se este alívio se dá ao falar ou ao ser ouvido, portanto tentarei esta alternativa de escrever, quem sabe, pode dar certo.

Tempos difíceis. Não, não foi a crise financeira que me afetou, eu não perdi meu emprego e não sofri perdas financeiras na bolsa de valores (só se perde o que se tem).

Meus problemas são mais simples, mais comuns, mas nem por isso menos martelantes.

Tenho orgulho de ser quem sou, de ter o que tenho, de ter quem eu tenho, de querer o que eu quero, mas o orgulho que sinto só corrobora para que eu aja da mesma maneira que sempre fiz, o que pode ser ótimo para coisas que deram certo e ruim para as coisas que nunca funcionaram.

Eu tenho 26 anos, tenho 2 filhos, em idade escolar, trabalho numa empresa de varejo nacional na área comercial, moro em São Paulo, estudo Psicologia, tenho uma mãe e dois irmãos próximos.

Minha vida não é um amontoado de amigos, mas tenho alguns. Os dedos das minhas mãos são suficiente para contá-los.

Mas nem por isso a minha vida é solitária, convivo com colegas de trabalho, colegas de turma, parentes, vizinhos, empregados. Gente legal, chata, inteligente, ignorante, solidária, egoísta, interessante, entediante, divertida e carrancuda.

Falo bem, falo bastante, falo sobre vários assuntos, mas as vezes quero ficar quieta. Não quero emitir minha opinião sobre as coisas, o que não quer dizer que eu não tenha uma.

Aceito bem críticas construtivas, não aceito críticas sem embasamento e nem críticas sobre meu modo de ser mãe. Também não gosto de criticar sem uma boa razão, sem olhar o outro lado e sem ser relevante.

Falo bobagens. Falo, penso e faço também. Mas só descubro que são bobagens depois que já falei, pensei ou fiz.

Me sinto só. Bem só. Não fisicamente, pois sempre tem alguém por perto, mas me sinto só neste mundo. Sinto que cada "tropeção" que eu der, pode se transformar numa queda dolorida pois eu não tenho onde apoiar a mão para evitar a queda. Não me queixo dos tropeções, afinal, com eles aprendi como andar sem tropeçar, mas não gostaria de ter que aprender tropeçando e caindo também.

Sou um poço de expectativas, mesmo que meu rosto esteja sereno, aparentando calma e frieza. Anseio por coisas, por pessoas, por acontecimentos. Quando quero que algo aconteça, sem controlar, imagino como vai ser, de várias formas. Quando aquilo acontece, realizo o que pensei; quando não acontece, não gosto e, às vezes de tanto ter imaginado fico sem saber depois se aconteceu ou não.

Não gosto de pessoas. Gosto de algumas. Algumas eu aturo. Muitas eu nem conheço. Quando eu gosto, eu não tenho dúvida e se eu hesitar em responder "sim, gosto", já sei a resposta: não gosto tanto assim.

Já me apaixonei algumas vezes e nenhum relacionamento com as pessoas que me apaixonei foi tarefa fácil. Cheguei à conclusão que amor e paixão não são suficientes para que uma relação seja confortável. Talvez todas as relações entre pessoas apaixonadas seja desconfortáveis. A paixão é o próprio desconforto. É a própria insatisfação eterna.

Nem sempre fui correspondida. ou pelo menos, não da maneira que eu esperava. Não deixei de acreditar no amor, mas acho que deixei de acreditar numa relação confortável, onde duas pessoas se realizem. Esta sensação vou jogar nas mãos do tempo, quem sabe, quando eu expirar, possa saber se eu estava certa hoje, ou não.

Eu sofro por amor, por paixão, não por sentir isto, mas por sentir de pertinho o que é a rejeição, a frustração de não ter um desejo realizado.

Sou egoísta, orgulhosa, espalhafatosa e fã da desordem, isso não é lá tão atrativo. Sou exigente também, porque se alguém me quiser pela embalagem e não pelo conteúdo, não sinto interesse nesta relação.

Neste momento eu apertaria meu botão "power off" e me desligaria deste mundo, para ficar sem pensar um pouco, sem julgar, sem acreditar ou desacreditar de algo.

Badaenek em 27/02/2009

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