O resumo do problema e instauração da neurose é que estamos sozinhos. A castração não é um "não pode", mas um "não tem".
Não temos nada e nem ninguém e a fantasia inconsciente passa pelo ter, pela negação da solidão (falta). Uma solidão de responsabilidades, do livre arbítrio.
A mãe, o pai, deus ou um grande amor são repetições da mesma fantasia de que não se está só.
A falha no ambiente é a realidade de que se está só. O abandono não é o trauma,é a mais pura realidade, é sua cauda que aparece.
O sujeito fantasia para sobreviver. Cria a ilusão de pertencer (a algo, a alguém) e ilusão de ter (algo, alguém).
A necessidade do outro para a realização da fantasia é a a própria fantasia de tê-lo. Tê-lo como objeto ou ser um para ele.
Só é possível ver o mundo com seus próprios olhos e você é o único que nunca desaparece a sua vista porque é o único que está sempre com você. A realidade da solidão.
A sociedade é o auge da neurose , a ilusão/fantasia de que se tem o outro. Ilusão de que se tem família, amigos, vizinhos. Nesta ilusão sobrevive o mundo. Uma ilusão coletiva, um acordo de fantasia em grupo. As vezes falha.
O complexo de Édipo não é somente a fantasia inicial, de que não se pode amar a mãe, o pai eroticamente, mas é A fantasia instaurada para cobrir o buraco da realidade fatal: estamos só. Não posso amar (ter) esta mãe. E mais ninguém. O superego nasce da fantasia do certo e errado. Só existe certo e errado quando existe o outro. Sem o outro, nada tem um status de certo e errado. O Superego é a petrificação da existência do outro em mim. É o que nos faz fingir tão bem que o real existe. Estamos sozinhos ao nascer e ao morrer e só somos cuidados ou velados pelos outros por consideração deles a eles mesmos.
A ilusão quase se torna realidade.
O perverso não abre mão da realidade, é o único que a enxerga.
Vidas que duram 70 anos no máximo passam toda ela querendo perpetuar o quê?
Este deus prometido que dará a vida eterna aos que andarem corretamente é a promoção do Superego à Divindade, que é inquestionável. Afinal satisfaz a fantasia suprema.
Vivemos sozinhos em companhia de outras pessoas. Ninguém sente sua dor e não se preocupam com ela. Aqui não se vive, se sobrevive. Quem abrir mão das suas fantasias morre. Ou mata. O neurótico vê um pouco de cada, fantasia, realidade e por isso é confuso e sofre.
Tarefas impedem o pensamento de funcionar. Mãos e atenção distribuída ocupadas impedem a reflexão.. Por isto existe a demanda e a oferta de trabalho. O trabalho nunca termina, não importa qual seja.
E só é possível acordar depois de uma sequência de experiências onde o medo que herdamos da nossa criação nos atrasa. Com medo não há experiência, não há despertar.
Dinheiro, mídia, ética, política, farmácia: sapatos para pés machucados do chão da realidade. Agentes da fantasia. Uma fantasia que usa a realidade como uma personagem. Reduzir o desejo inconsciente a sexo e o sexo ao errado é outro sapato, e do bem confortável.
O que lhe foi tirado com a vida foi o prazer de não existir. Este prazer jamais será recuperado. Por isso psicóticos, neuróticos e perversos sofrem. Seja de culpa, de insaciedade, de angústia, de fuga. A fantasia desenha um caminho até este prazer, mas ele é inatingível. A fantasia cria o percurso e a ilusão da possibilidade.
A grande pergunta que começa com "quem somos" ou "pra onde vamos" é: "porque temos meia consciência disso?"
É por isso que precisamos cuidar do corpo. Para viver o máximo de tempo possível em busca da resposta.
BADAENEK - Momento Nietzsche
Ai.Deu dor de cabeça. Já disse pra vc que tem coisas nas quais prefiro não pensar,a ignorância é uma bênção.
ResponderExcluirMas tenho pensado muito nessas questões "amigos", "solidão", "o outro" e a relatividade.Relatividade de tudo.Coisas antes supervalorizadas,agora são tão pequenas,insignificantes.
O que antes pra mim seria "a treva",obrigatoriamente se torna a coisa menos importante,e mais ridícula de se preocupar.
Me dá o telefone de um analista???!!!