Perda

Ao longo da vida vamos perdendo coisas...



Perdemos alguns brinquedos, depois alguns lápis de cor, aí perdemos roupas porque crescemos e namorados por que ainda não crescemos o suficiente para atender às demandas dos instintos.


Perdemos aulas por doença, perdemos empregos por relaxo, perdemos amigos por brigas e perdemos a confiança em algumas pessoas.

Crescemos e perdemos a hora, os cabelos, a pele de bebê que tínhamos e alguns neurônios e anticorpos.

Perdemos familiares, perdemos festas porque temos responsabilidades, perdemos a paciência.

Perdemos depois um pouco da visão, audição, alguns dentes e a rigidez da pele e dos músculos.
Mas tem uma perda que considero irreparável.

A perda da ingenuidade.

Dependendo da experiência isso acontece mais cedo ou mais tarde.

Mas é com esta perda que percebemos as outras. Sem ela, passaria batido.


A ingenuidade é como uma película fina de beleza na vida. Uma capa protetora da realidade cruel.

Perder a ingenuidade é perder, num caminho sem volta, a inconsciência das coisas.

Perdê-la é perder a ilusão gostosa e a esperança de novos horizontes na vida.
"Não é assim de todo ruim" você pode me dizer...e é verdade.
As experiências ficam mais reais, é mais difícil de sermos enganados ou iludidos, mas como era bom acreditar em fantasias.


Como era bom sonhar com algo que agora sabemos não ser possível.

Como foi bom ouvir elogios acreditando despretensiosos e juras de amor eternos.


E não existe volta.
E como não somos mais ingênuos, nós sabemos disso.

E de muito mais.


BADAENEK